A Comissão de Indústria, Comércio, Emprego e Renda da Assembleia Legislativa do Paraná realizou nesta terça-feira (22/9) audiência pública online para debater soluções para o futuro da indústria e comércio diante da pandemia do novo coronavírus (covid-19). O encontro contou com a participação do vice-governador, Darci Piana, do secretário-chefe da Casa Civil, Guto Silva e do secretário da Fazenda, Renê Garcia Júnior, bem como representantes das entidades que compõem o G7, grupo que integra o setor produtivo.
“Uma carta com as principais sugestões e reivindicações feitas durante a audiência pública será entregue ao Governo e destaco para todos os participantes dessa audiência que devem enxergar esta Comissão como instrumento de mediação com o Governo”, afirmou o presidente da Comissão de Indústria, Comércio, Emprego e Renda, deputado Paulo Litro (PSDB).
Abrindo os trabalhos, o vice-governador do Paraná e presidente da Fecomércio, Darci Piana, apresentou uma série de ações do Governo para a retomada, que serão anunciadas oficialmente nesta quarta-feira (23) pelo governador Carlos Massa Ratinho Júnior (PSD). Entre elas, um plano de investimentos em infraestrutura rodoviária de R$ 4 bilhões; nos portos de Paranaguá e Antonina para a eficácia na capacidade; R$ 1 bilhão no litoral do Paraná; Copel e Sanepar. “Empresas mantiveram seus investimentos no estado e novas chegaram, mesmo em tempos de pandemia. A preparação dessa infraestrutura foi fundamental para isso. Contratamos 50 engenheiros para o nosso banco de projetos, que nos permite antecipar aos outros estados e fazer os recursos chegarem ao Paraná. São condições extraordinárias para a indústria, com investimentos de R$3,8 bilhões de reais”, declarou.
O presidente da Faciap, Marco Tadeu Barbosa, que propôs a realização da audiência, disse que, conhecendo bem cada setor de cada região do Paraná, o momento é de adaptação, de reflexão. “Setor produtivo e poder público precisam trabalhar em sinergia. Sozinhos não conseguiremos avançar. Agradeço a preocupação do poder público com o empresariado”, ressaltou.
O secretário da Fazenda, Renê Garcia Júnior destacou que a pandemia veio para testar a eficiência da globalização, o que mostra que o mundo pode mudar de forma expressiva e estrutural. “O que percebemos é que temos que ter uma cadeia produtiva mais eficiente gerando menos custos. Diante de uma nova realidade, teríamos que fazer como a China, que diminuiu seus custos de produção e oferece produtos a preços muito baixos para todo o mundo. Vejo esse fenômeno o grande desafio a ser vencido.”
O secretário-chefe da Casa Civil, Guto Silva, reforçou a importância do que chamou de maior das revoluções: a tecnológica. “Estamos diante de uma nova ordem mundial. Na pandemia, o sistema privado financeiro e o da saúde desapareceram. O Estado prevaleceu e o Paraná se fortalece com investimentos em obras de infraestrutura”, disse.
Acesso ao crédito – Heraldo Alves Neves, presidente da Agência de Fomento do Paraná, e Wilson Bley, do BRDE, detalharam a oferta de linhas de crédito disponibilizadas e os próximos passos na retomada do crédito. Neves citou a oferta para os pequenos empresários, após precisar suspender contratos que estavam ativos. “São em torno de R$ 700 milhões de reais destinados a obras de desenvolvimento urbano nos municípios e com foco no informal, micro e pequeno empresário. Também queremos potencializar o Banco da Mulher e investir na linha do turismo, com recursos do Ministério do Turismo”, detalhou. Os créditos a juros mais baixos ou até zerados são “uma carta na manga” das instituições.
Foi anunciado também a negociação para captar recursos em instituições nacionais e internacionais para ofertar crédito e gerar capital de giro a empresas. “Temos mais de 25 mil operações liberadas”, frisou Neves.
Wilson Bley, que é diretor de operações do BRDE, enfatizou a importância da união com outros estados e o atendimento ao crédito emergencial com um olhar para a retomada. Ele explicou que há um crédito contratado de quase R$ 1 bi no Paraná. “Temos R$ 900 milhões de recursos aos três estados e conseguimos limites adicionais de R$ 300 milhões. Estamos em conversas com o BNDES e bancos internacionais para aquisição de recursos para irrigar a área da agricultura, indústria, comércio e serviços.”
Economia – De acordo com o IBGE, 45% das empresas foram impactadas negativamente. 28% parcialmente e a queda do PIB é de 5%. Os setores mais afetados pela pandemia foram o do entretenimento, de calçados e vestuário. A produção industrial teve queda de 9,1%. O que contribuiu para um cenário menos grave foram, segundo o Instituto, medidas como auxílios emergenciais em âmbito nacional e estadual, empréstimo e programas como selo ‘Made In Paraná’ e medidas aprovadas na Assembleia Legislativa, como a proibição do corte de luz, água e gás, por exemplo.
Para uma retomada consciente o presidente da Associação Comercial do Paraná, Camilo Turmina, acredita que somente a substituição tributária resolveria para a igualdade entre os estados no quesito competitividade. Turmina aposta ainda nas campanhas de valorização dos produtos de cada estado.
Para o professor Marcus Vinicius Freitas, da China Foreign Affairs University, a crise, de alguma forma, deveria ser o momento certo para se plantar as oportunidades. Lembrou que a economia global se revelou mais fraca do que se esperava com o agravamento da pandemia e o resultado foi a recessão. Ele concorda que é quase impossível reduzir o contato sem reduzir a produção, mas avalia que o Brasil tem regulamentação excessiva e precisa tornar melhor o ambiente de negócios. “Estimular o trabalho. Dar condições para que as pessoas possam produzir de casa. Aí vamos notar a retomada, buscar competitividade agregando valor ao nosso produto.”
“A audiência pública deixou claro sobre quais as demandas e necessidades dos diferentes setores econômicos do estado e ajudou a definir prioridades de curto, médio e longo prazo para potencializar a recuperação da indústria e comércio no Paraná”, afirmou Paulo Litro.
Também participaram da audiência cerca de 80 pessoas da sociedade e ligadas à entidades, entre elas, o presidente da Fetranspar, Sergio Malucelli, o presidente da Faciap, Ágide Meneguette, o presidente da Fecoopar, José Roberto Ricken e o gerente de Assuntos Estratégicos da Federação das Indústrias do Paraná (FIEP), João Arthur Mohr.